1. Língua mundial. O espanhol é umas das mais importantes línguas mundiais da atualidade. É a segunda língua nativa mais falada do mundo. Mais de 332 milhões de pessoas falam espanhol como primeira língua. Perde em número de falantes nativos apenas para o chinês (mandarim), cuja projeção internacional, entretanto, não pode ser comparada com uma língua “mundial” como o inglês, espanhol ou francês. Uma curiosidade: há mais falantes de espanhol como língua nativa do que de inglês, que conta apenas com 322 milhões de falantes nativos.
2. Língua oficial de muitos países. O espanhol é a língua oficial de 21 países.
3. Importância internacional. O espanhol é, depois do inglês, a segunda língua mundial como veículo de comunicação internacional, especialmente no comércio, e a terceira língua internacional de política, diplomacia, economia e cultura, depois do inglês e do francês.
4. Muito popular como segunda língua. Aproximadamente 100 milhões de pessoas falam espanhol como segunda língua. Nos Estados Unidos e Canadá, o espanhol é a língua estrangeira mais popular e portanto a mais ensinada nas universidades e nas escolas primárias e secundárias.
5. O Mercosul. Pela primeira vez na sua história, a América Latina está não somente vivenciando um dos mais altos graus de crescimento econômico, tecnológico e industrial como celebra também o primeiro acordo comercial de âmbito continental. O Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai acabam de assinar um acordo histórico, que efetivamente transforma esses quatro países em uma única zona comercial e econômica. O espanhol é a língua oficial de três desses países e desempenhará um papel de suma importância para qualquer indivíduo ou companhia que queira ter acesso ao maior mercado da América do Sul. Se quisermos comprar algo dos nossos vizinhos sul-americanos, poderemos certamente usar o português. Porém, se quisermos que eles comprem os nossos produtos, teremos que falar a língua deles (o espanhol).
6. Língua dos nossos vizinhos. Todos os países que fazem fronteira com o Brasil têm o espanhol como língua oficial, com a exceção apenas da Guiana, Suriname e Guiana Francesa. Isso é importante não somente do ponto de vista econômico e comercial (e.g., Mercosul) como também cultural e até pessoal, já que compartilhamos culturas muito similares. Afinal de contas, somos todos latinos, íbero-americanos e produtos de culturas cujo Weltanschauung difere em muito pouco. Mesmo se não tivéssemos tanto em comum lingüística e culturalmente com os nossos irmãos hispano-americanos, o simples fato de países tais como o Chile e a Colômbia terem na sua literatura alguns dos melhores escritores que o mundo já produziu, muitos deles ganhadores do Prêmio Nobel de literatura – tais como Gabriela Mistral, Pablo Neruda e Gabriel García Márquez, entre outros – já seria motivo suficiente para termos interesse em aprender a língua em que suas obras foram escritas. O fato de sermos vizinhos é mais um motivo para aprendermos sua língua e nos familiarizarmos com sua cultura.
7. Viagens para Espanha ou Hispano-América. Um conhecimento razoável de espanhol fará uma grande diferença em qualquer viagem que um brasileiro faça a um país de língua espanhola. Poderemos aproveitar mais do país que visitarmos e teremos mais oportunidades de estabelecer amizades ou mesmo relações mais formais (intercâmbios econômicos, acadêmicos, científicos, etc.) se pudermos nos comunicar na língua dos nossos anfitriões. Jamais devemos pensar que, simplesmente porque sabemos português, podemos compreender espanhol sem maiores problemas. Se isso fosse verdade, as seguintes frases seriam perfeitamente compreensíveis para a grande maioria dos brasileiros:
· ¿Tiene Ud. tijeras para zurdo?
· ¡Mira, qué bonitos son los cachorros del oso!
· A mí no me gusta el berro. Prefiero la lechuga o el perejil.
· La maja azafata me enseñó la butaca morada en el escaparate.
· Este zagal es el chirote recazo quien arrestó el presunto asesino.
· El profesor no tiene ropa y necesita un saco nuevo para ir a la fiesta.
· La chaparrita que lleva la zamarra garza vive en una chabola cerca del malecón.
· Me acordé que tengo que cortar la tela para hacer americanas para los mellizos.
· ¡Qué absurdo! Llamaron al pobre chamaco de “archiganzúa,” “faltrero” y “rapante.”
8. Importância nos EUA. Nos Estados Unidos, o maior mercado do mundo, aproximadamente 13% da população fala espanhol como primeira língua. Esse grande número de falantes de espanhol representa um gigantesco mercado de consumidores, com um poder aquisitivo de mais de 220 bilhões de dólares, algo que as grandes companhias de marketing dos Estados Unidos já se deram conta há algum tempo. Isso explica o fato de vermos regularmente na mídia norte-americana comerciais direcionados especificamente para esse segmento da população. Se nós brasileiros quisermos participar desse enorme mercado, colocando nele produtos oriundos do Brasil, teremos não somente que ter algum conhecimento de inglês mas também um bom comando de espanhol.
9. O português e o espanhol são línguas irmãs. Pelo fato de se derivarem da mesma língua, o latim vulgar, o português e o espanhol têm muito em comum, muito mais do que, por exemplo, o português e o inglês. Essa familiaridade ajuda muito na aprendizagem do espanhol por parte dos falantes do português brasileiro. Em realidade, é mais fácil para um brasileiro aprender espanhol do que um falante de espanhol aprender português. Isso é, em parte, devido ao fato de o português, por um lado, ter mais sons vocálicos (12) do que o espanhol (apenas 5) e, por outro, na sua evolução lingüística ter eliminado certos sons consonantais que ainda figuram no espanhol. Exemplos desses sons são o “n” e o “l” intervocálicos em palavras como “cor” e “ter” (“color” e “tener” respectivamente em espanhol).
Com respeito às vogais, existe no inventário fonológico do português sons que não figuram no espanhol e que, por conseguinte, torna a sua compreensão mais difícil para uma pessoa de língua espanhola. Além dos sons vocálicos nasais, que não existem no espanhol, o português tem variações dos fonemas /o/ e /e/ que apresentam problemas especiais para o hispano-falante. Via de regra, este último não compreenderia, por exemplo, a diferença sutil entre as palavras “avô” e “avó,” “seu” e “céu,” ou “meu” e “mel.”
Com respeito aos sons consonontais eliminados na evolução do português, mesmo um brasileiro com pouco conhecimento de espanhol poderá, sem muita dificuldade, deduzir que o termo castelhano “color” (relacionado ao vocábulo português “colorir”) é apenas uma forma mais “longa,” talvez mais arcaica, da palavra portuguesa “cor.” Essa palavra em ambos idiomas se deriva do termo “colore” em latim. Eliminando o “l” da palavra espanhola “color,” que do ponto de vista do falante de português, neste ambiente fonético específico, não representa mais do que um som supérfluo, se chega ao termo correto no idioma lusitano. Usando a mesma analogia, o falante de português poderá chegar também ao significado correto da palavra espanhola “tener,” simplesmente eliminando o “n,” que há muito tempo deixou de figurar no vocábulo correspondente em português. Assim como o termo anterior, os verbos “tener” em espanhol e “ter” em português provêm da mesma palavra ancestral, o verbo “tenere” em latim. Fica claro, portanto, que o processo de eliminação de sons em certas palavras de uma dada língua para se chegar aos vocábulos equivalentes em outro idioma da mesma família é algo relativamente fácil. Porém, o contrário – i.e., para um hispano-falante “deduzir” que as palavras em português “ter” e “cor” significam, respectivamente, “tener” e “color” em espanhol – se torna mais difícil. Afinal, é pouco provável que o falante de espanhol saiba que fonema, ou combinação de fonemas, adicionar aos termos portugueses em questão para chegar às palavras corretas na sua língua mãe.
Essa “hierarquia de habilidades de compreensão” ilustra um aspecto básico da fonética de muitas famílias lingüísticas. Sabemos que dentro de um mesmo grupo filológico, uma língua que tenha se desenvolvido mais e sofrido um maior número de transformações e, principalmente, reduções é sempre mais difícil de compreender do que uma que tenha permanecido fonologicamente mais próxima da origem. Daí a razão – do ponto de vista do aprendiz falante de português – de o espanhol e o italiano serem mais fáceis do que o francês. Daí, também, a razão de ser mais fácil para um brasileiro aprender espanhol do que um hispano-falante aprender português.
10. Beleza e romance. Embora (ainda) não haja provas concretas, todos sabemos que o espanhol faz bem à alma e ao coração, principalmente daqueles que estão apaixonados. O espanhol é uma das línguas mais bonitas, melodiosas e românticas que o mundo já teve a felicidade de ouvir. Além de suas óbvias qualidades intrínsecas, temos à nossa disposição em espanhol uma vasta e maravilhosa literatura – as obras do Siglo de Oro, por exemplo – sobre os assuntos mais variados, profundos e refinados do sentimento humano. Do lado de cá do Atlântico, temos os inesquecíveis boleros cubanos e mexicanos que nos fazem sonhar com um tempo mais romântico e bonito... Que outra língua, senão o espanhol, poderia dizer “eu te amo” desta forma?: “Mujer, si puedes tú con Dios hablar, pregúntale si yo alguna vez te he dejado de adorar.”
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